sábado, 9 de outubro de 2010

Lise Meitner

Seu nome é Lise Meitner (na língua de Goethe Lise é pronunciado como Lizê), que teve que transpor inúmeras dificuldades para inicialmente se formar em física e depois conseguir um emprego remunerado (de 1907 a 1912 ela trabalhou sem remuneração, como pesquisadora convidada). Lise conseguiu angariar o respeito e o reconhecimento dos seus pares, pelo alto nível da Física que ela produziu, tornando-se uma autoridade mundial em Física Nuclear e com reconhecida liderança no Wilhelm Kaiser Institüt de Berlim. 
Em 1944, a Real Academia de Ciências da Suécia concedeu o Prêmio Nobel de Química a Otto Hahn, em reconhecimento pela sua descoberta da fissão nuclear (for his discovery of the fission of heavy nuclei), mas não premiou Lise Meitner, que colaborou com Hahn no experimento que levou à descoberta do fenômeno e que, logo depois, juntamente com o seu sobrinho, o também físico Otto Robert Frisch, interpretou e explicou corretamente o processo de fissão do urânio-235 , em um artigo seminal, de três páginas apenas, publicado em 1939 na revista Nature. 
Lise Meitner nasceu em 7 de novembro de 1878, foi a terceira dos sete filhos de uma família judia de Viena (Áustria). Ainda jovem, Lise converteu-se ao protestantismo para fugir dos preconceitos raciais vigentes na sociedade européia da época, que se somavam aos preconceitos que sofriam as mulheres que se dedicavam a atividades intelectuais. No entanto, a conversão não foi de nenhuma utilidade quando, em março de 1938, a Áustria e a Alemanha, então sob regime nazista, se juntaram para formar um único país (Anschluss). As leis raciais anti-semitas válidas para cidadãos alemães foram aplicadas também para os austríacos, e Lise teve que fugir para a Suécia para não ser deportada para algum campo de concentração, onde teria sido certamente assassinada. 
Devido às restrições impostas pelas leis austríacas para o acesso das mulheres ao ensino superior, Lise só conseguiu entrar na Universidade de Viena em 1901. Depois de assistir às aulas de Ludwig Boltzmann, ela percebeu que a Física era a sua vocação. Otto Frisch, escreveu sobre esse fato, com Boltzmann ela teve a visão de que a Física era o campo de batalha para a derradeira verdade, visão essa que nunca perdeu.
Obtido o doutorado em 1906, no ano seguinte Lise foi a Berlim com a intenção de trabalhar com Max Planck. Mas devido a uma série de circunstâncias ela começou a trabalhar com o químico Otto Hahn, que a incumbiu de pesquisar as propriedades físicas das substâncias radioativas, enquanto Hahn pesquisaria as propriedades químicas. A colaboração durou cerca de 30 anos, cada um chefiava um departamento no Instituto Kaiser Wilhelm de Química, em Berlim. Juntos, ou independentemente, obtiveram importantes resultados no então novo campo da Física Nuclear, conseguindo competir, com sucesso, com físicos de renome como Irène Curie, Frédéric Joliot e outros. 
Seu mais importante trabalho, pelo qual será sempre relembrada, diz respeito à descoberta da fissão nuclear. In 1934, o físico Enrico Fermi havia produzido isótopos radioativos bombardeando núcleos com nêutrons, mas surgiu um enigma com o urânio. Como resultavam muitas espécies de núcleos, Meitner convenceu Hahn e seu assistente Fritz Strassmann a trabalharem juntos em um novo projeto cujo objetivo visava verificar se isso era possível. 
Atualmente, historiadores da Ciência entendem que a explicação do fenômeno de fissão requereu de Meitner e de Frisch uma profunda percepção física, da mesma magnitude da descoberta de Hahn e de Strassmann. Mas, supõe-se que a abrupta interrupção da colaboração científica de Meitner, com Hahn e Strassmann e, mais ainda, o seu exílio e isolamento científico, devem ter criado uma ''falta de compreensão'', por parte do comitê do prêmio Nobel, da importância de sua contribuição para o processo de elaboração e entendimento, a nível teórico-conceitual, dos resultados do experimento. O ''erro'' do comitê Nobel, nunca foi reconhecido pelos responsáveis, mas em 1966 ele foi parcialmente corrigido, quando Hahn, Meitner e Strassmann receberam o Prêmio Fermi, láurea concedida nos Estados Unidos, pelo reconhecimento do trabalho dos três na descoberta da fissão nuclear.
Já aposentada, em uma entrevista perguntaram a Lise como e por que tanto ela como Hahn não desenvolveram alguma doença relacionada com a exposição à radiação, já que tinham manipulado materiais radioativos por muitos anos. A sua resposta foi, porque eu sempre insisti para que todos os membros que trabalhavam no laboratório lavassem muito bem as mãos e várias vezes ao dia, ao que Hahn, que estava ao seu lado, completou: ...e até hoje não perdi esse hábito.
Lise Meitner morreu em 27 de outubro de 1968, poucos dias antes de completar 90 anos de idade. Nunca casou e não deixou descendentes.

Um comentário:

  1. Oi meninas!!
    Olha eu aqui!! vim conhecer o blog e já estou seguindo. Parabéns o blog ficou mara. Bjos

    ResponderExcluir